terça-feira, 19 de julho de 2011

Economia Criativa, Crowd Economy, Economia para todos!

Reinaldo Pamponet | segunda-feira, 18 julho 2011
Esse início de século traz a novidade das mídias sociais, do mundo mais conectado e aparentemente mais próximo. Ao mesmo tempo, temos uma sensação um pouco esquisita, aquela intitulada Paradoxo de Gramsci: “Uma velha ordem agoniza enquanto uma nova ordem parece não ser capaz de nascer”. O modelo econômico clama para ser redesenhado, o meio ambiente e as sucessivas crises são claros sinais de alguma coisa está fora da ordem…

Ao mesmo tempo, o Homem firme em busca da sua evolução. Para nós, brasileiros, de uma hora para outra somos a bola da vez. País das tendências, cristo redentor decolando, copa do mundo, olimpíadas e um fosso muito grande entre o que parece ser uma sociedade desenvolvida e o que somos de fato.  Nunca nos acostumamos nem nos preparamos para tal momento. Gosto muito de uma frase que ouvi outro dia: “Está muito difícil viver e ser exemplo ao mesmo tempo”.

Não há melhor momento para descolonizarmos de vez o nosso olhar sobre nós mesmos. Olhar o que temos de riqueza única, intrínseca e valiosa.

Temos ainda o desafio da chamada sustentabilidade. Além do cuidado com o meio ambiente, temos que reforçar o papel do indivíduo como parte fundamental e protagonista dessa história. É ele quem destrói, mas só ele pode resolver o problema que ele mesmo criou. Assim, reinventar a forma como trabalhamos hoje é um dos grandes desafios que temos pela frente e o espaço da Economia Criativa é em si uma das grandes possibilidades, junto com a chamada Economia Verde. Acredito que se sustentar é ser capaz de viver bem sem causar prejuízo a outras pessoas. Mas o que leva ao prejuízo é o que hoje o nosso país enaltece: tornar a nossa sociedade cada dia mais produtiva, com crescimento primordialmente material, dentro de uma economia extremamente carbonizada e baseada na produção de coisas (objetiva) e não no fortalecimento de processos humanos para produção do intangível (subjetiva). Economicamente, valorizamos demais o que temos e o que vemos, e de menos o que sentimos ou criamos. Agostinho da Silva disse que “O Homem não veio ao mundo para produzir e sim para criar” – na ânsia de produzir, vejo o Brasil com modelos de negócios ainda mal estruturados para surfar essa grande onda da Economia Criativa, e baixo investimento em novos modelos, limitando o nosso potencial econômico do intangível ou subjetivo, e quiçá nos arriscando a perder essa onda…

Em última instância o que sustenta o indivíduo de fato é a “riqueza” da sua subjetividade. Criar é em si o espaço da geração da vida e da evolução. O ciclo da criação oxigena o nosso ambiente trazendo sempre uma novidade, gerando uma nova forma de ver e fazer,  em um fluxo orgânico e sustentável. Ainda, criar supõe refletir, inquirir, estudar, potencializando os indivíduos e colocando-os em uma posição de igualdade.

Gosto tanto do conceito da Economia Criativa porque é uma grande possibilidade em si mesmo, pois abre o espaço da Abundância (Criação) para algo que está patinando nas suas limitações e/ou artificialidades da Escassez (Economia dita Convencional) . A nossa capacidade de criar é o nosso bem mais precioso, abundante, e quanto mais exercitado, mais tende a aumentar; ainda, não prejudica ninguém, oxigena a sociedade e reduz o efeito estufa, com certeza! O que precisamos é desenvolver modelos econômicos que possam possibilitar a geração de fluxos e interações contínuas dos indivíduos hoje conectados.

A Economia Criativa traz benefícios para nós, brasileiros, não apenas pelo viés econômico, mas porque criar é em si um ato fundamental de aprendizagem integral, ao conjugar a subjetividade do indivíduo com a sua capacidade de fazer acontecer, aprender consigo mesmo e com os outros a partir das interações. Uma sociedade que ganha com o que aprende. Não seria fascinante exercitarmos a junção do aprender (criar) e ainda se sustentar economicamente com essa criação?

Esse é o espaço econômico que quero ajudar a construir. Espaço onde a abundância esteja presente, o conceito de elasticidade seja percebido como uma grande borracha de bodoque que se puxa ao máximo para lançarmos ideias, inspirações e sentimentos para que as pessoas possam se sentir mais alegres, inspiradas, amorosas e ricas. Espaço esse que se consolida em Ser mais. Ser mais você e ser mais o que você valoriza. Espaço onde não precisamos criar demandas desnecessárias e consumos destrutivos, mas um consumo que estimule um potencial maior de cada um. Um consumo excessivo que faça expandir a nossa vida e a nossa consciência.

Avante e vamos inaugurar um novo espaço econômico para todos. E já que a moda é o crowd, essa é uma verdadeira possibilidade de Crowd Economy, onde cada um pode participar interagindo com o outro com o que tem de melhor – Você mesmo!

Fonte: http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/economia-criativa-crowd-economy-economia-para-todos/

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