domingo, 31 de julho de 2011

Do Fogo à Proteção: Arquipélago dos Alcatrazes aguarda para se transformar em atrativo turístico


Arquipélago dos Alcatrazes. Foto: Celso Moraes
 por Ana Celina Tiburcio

Beleza cênica e biodiversidade. São conhecidos em Alcatrazes centenas de plantas e animais, que evoluindo isolados do continente nos últimos 10 mil anos, tornaram-se únicas no Planeta. O maior ninhal do sudeste brasileiro, com grande potencial turístico, pode se transformar em Parque Nacional Marinho do Arquipélago dos Alcatrazes.

O Arquipélago dos Alcatrazes abriga pererecas, cobras, lagartos, aranhas, centopéias, insetos, bela variedade de orquídea e a flor rainha do abismo. Contudo, ainda sem catalogação, vários destes seres vivos estão relacionados na lista paulista ameaçados de extinção. Podendo ser o turismo científico uma alternativa de melhor conhecer o Arquipélago, onde também estão presentes as cinco espécies de tartarugas marinhas existentes no Brasil.

Diferentemente do turismo predatório que o Litoral Norte está “acostumado’ a vivenciar, cheia de riquezas e ameaças, com o aumento do turismo, a região de Alcatrazes deverá ter o cuidado de dialogar e planejar o turismo sustentável, como o mergulho, por exemplo, que o turista está mais preparado para causar o mínimo impacto ambiental.

Além de atrativos naturais subaquáticos, o avanço no diálogo com a conservação dos recursos, também deverá estar na agenda da visitação aos núcleos caiçaras, que tem a expectativa da gestão da rede integrada nas áreas, valorizando e valorando aspectos sociais, culturais e ambientais da região. Conheça um pouquinho da história do Arquipélago de Alcatrazes, a seguir.


2004. Marinha do Brasil realizou um de seus bombardeios de rotina, provocando um incêndio devastador que durou cerca de quatro dias e consumiu 1/3 da vegetação da Ilha dos Alcatrazes matando vários animais.

2005. No início do ano, o IBAMA (então responsável pelas Unidades de Conservação) decidiu embargar os exercícios de tiro, entretanto, em dezembro, retirou o embargo e permitiu que a Marinha do Brasil voltasse a praticar seus exercícios de tiro contra alvos em Alcatrazes.

2006, janeiro. Ambientalistas do Litoral Norte paulista realizaram uma passeata-protesto repudiando os exercícios de tiros realizados pela Marinha brasileira no Arquipélago dos Alcatrazes, que estampou em camisetas e cartazes do movimento a frase: “Proteção SIM, tiros NÃO”.

Desde a década de 1990, esta é uma luta antiga de ambientalistas e pesquisadores não só da região, e o intuito deste movimento foi de mobilizar a população e divulgar o que vinha acontecendo no Arquipélago. O Santuário ecológico se destaca em vários itens do litoral brasileiro e da América do Sul; é a terceira forma insular do continente todo em termos de índice de biodiversidade; servindo de abrigo para as baleias-de-bryde (que chegam a medir 15 metros de comprimento), orcas, golfinhos e tartarugas.

Defensores do maior ninhal de aves marinhas do sudeste brasileiro, ainda pouco (re)conhecido pela população em geral, vem estudando as ameaças e impactos ambientais, em decorrência dos exercícios de tiros, bem como promovendo a propositura de recategorização desta Unidade de Conservação, de Estação Ecológica (ESEC) Tupinambás, que tem a visitação pública e circulação de embarcações vetados, para a criação do Parque Nacional Marinho dos Alcatrazes, que poderá ser o primeiro do Sudeste e o terceiro Parque Nacional Marinho do País.

2011, março. Aconteceu em São Sebastião uma audiência pública para debater a recategorização do Arquipélago dos Alcatrazes, e com a presença de órgãos ambientais responsáveis, ambientalistas, pesquisadores e da sociedade foram abordados pontos como melhorias na gestão da unidade; pesquisas científicas; turismo sustentável; participação e integração da sociedade, inclusive por meio do Conselho Consultivo – que é um canal de comunicação e aproximação da realidade local.

Foram também discutidas questões como fiscalização; educação ambiental; nova sede; parcerias; relevância da preservação do arquipélago; núcleos caiçaras e entre outros. E o que muda? Na área do Arquipélago em Ubatuba permanece a área referente à ESEC, em São Sebastião aumento a abrangência da Ilha de Alcatrazes, que atualmente não é ESEC e torna a área continua ao redor da Ilha Principal; Zoneamento após o plano de gestão da área, que é conhecido como Plano de Manejo.

A realização de uma audiência publica em Ubatuba é o próximo passo solicitado pela sociedade. Na ocasião da audiência em São Sebastião, um pescador de Ubatuba afirmou que ainda sem consulta aos pescadores de Ubatuba sobre a criação do Parque Marinho, a classe é favorável com a ressalva para a inclusão social.

O entrosamento com a comunidade na região é ponto pacífico para a conservação desta beleza e riqueza que integra um mosaico de unidades de conservação na região de maior cobertura de Mata Atlântica do Estado. Desta forma, a conservação ambiental deve estar associada à geração de renda pelo viés de negócios sustentáveis.

O Arquipélago dos Alcatrazes que tem potencial atrativo turístico e de conservação da biodiversidade do Litoral Norte, é também o melhor roteiro para competição de vela nesta região; atividade também inclusa no necessário planejamento estratégico do turismo sustentável.

O Arquipélago, situado aproximadamente a 45 quilômetros do porto de São Sebastião, e com 12 mil hectares, é formado pela Ilha Principal (Alcatrazes); pelas ilhas da Sapata, do Paredão, do Porto ou do Farol, e do Sul, além de quatro outras ilhotas não nominadas, cinco lajes (Dupla, Singela, do Paredão, do Farol e Negra) e dois parceis (Nordeste e Sudeste). Até então, servindo de centro de treinamento para a Marinha do Brasil, o arquipélago, só pôde ser apreciado de longe.


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