domingo, 18 de setembro de 2011

Reflexão sobre a Privacidade e Segurança da Informação


"ser social e comunicativo, o homem tem o direito e o dever de informar e de ser informado isto é, tem o direito e o dever da verdade. Da verdade descoberta e da verdade a descobrir. Por outro lado, principalmente em razão da enorme extensão dos conhecimentos, a informação condiciona hoje uma boa parte do progresso científico cultural e moral da humanidade. Com instrumentos poderosíssimos ao seu dispor, a informação pode servir aquilo a que, na realidade objetiva e na ordem de valores, está destinada, isto é, a verdade, e pode servir o seu contrário. Isto dito, poderá assim formular-se o seu fundamental princípio regulador: “nada transmitir de falso e nada omitir de verdadeiro”, adotando a fórmula que Cícero aplica à História."
(Manuel Antunes)

Partindo da reflexão sobre a afirmação de Manuel Antunes, bem como de leituras que abordam privacidade de dados e informações nas redes, ética, gestão e segurança da informação, surge a reflexão abaixo... Que reflete a necessária reflexão de que o Brasil precisa ter sobre -mais- este tema que, sem políticas ou normalizações, vem invadindo a privacidade e segurança de muitos brasileiros.

REFLEXÃO SOBRE 
A PRIVACIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
por Ana Celina Tiburcio

Em tempos contemporâneos chegamos a experimentar os escritos de Goerge Orwell que do século passado sobreviveram à atualidade. Somos vigiados, espionados e, por assim dizer, manipulados pelos nossos passos e nossas preferências, e, com a era digital nossos clics e navegar em um vasto mundo onde, reduzidamente, pertencemos aos hardware, software...conectados a redes de informações poderosíssimas capaz de desvendar nossos números, perfil, características e hábitos.


A verdade está oculta atrás da tela, essa tela que nos separa de um mercado ávido por informações e mais informações de consumidores conhecidos, desconhecidos e a serem descobertos. Banco de dados ganham status de competitividade e alcance... Somos identificados sem consentimento e muito menos contatados/interpelados sem pedir licença.

A palavra privacidade não faz mais sentido para muitos...a geração Y quer mesmo é se expor em suas redes sociais mostrando como são, do que gostam ou não, o que fazem e o que consomem. Os canais são diversos, tantos quantos nunca havia imaginado ser flagrada, furtada, invadida. Seria possível contratar um segurança para assuntos virtuais?

Estudiosos questionam tal serviço que carece de seriedade e comprometimento no País que mais adere às redes sociais. Somos sociáveis até demais...na vida real e na virtual. Somos comunicativos e será que nos importamos onde nossas informações vão parar? Com que verdade? Com que ética? Com que moral? Com que limites?

Quem se importa com o dever da verdade? Quem diz a verdade? Queremos preservar nossas informações e conhecimento?? Não!! A rede de informações libertou as informações da comunidade científica de seus muros para fronteiras são ilimitadas...sem políticas de privacidade, sem normalização, sem o conhecimento do usuário sobre o uso de suas informações e sem segurança da informação.

É uma escolha da nossa sociedade, mas, sociedade de que conhecimento é esse?...a cada clic podemos fazer uma escolha...com transparência e verdade, com respeito e ética, com a responsabilidade do dever e do direito.

Outros países aprofundaram na discussão sobre a verdade dos acessos às informações dos usuários, na transparência e ética no uso das informações, na segurança de informação e privacidade, e, assim escolheram e delinearam tais relações. Podemos escolher caminhos em que fiquemos mais atentos por onde navegamos e que informações consumimos...e ter a preocupação como precaução! E não navegar a deriva nesta 'infomaré' de mares abertos e desconhecidos.

Conhecer a realidade e fazer que a informação sirva a seus navegantes valores nunca antes navegados nos furos de nossos sistemas de informação e sem que façam uso de nossas informações contra nós mesmos, e que cliquemos na formulação de um princípio regulador: “nada transmitir de falso e nada omitir de verdadeiro” (Cícero).

Sabemos quanto vale nossa privacidade pessoal? Sobretudo como indivíduos e consumidores é preciso, mais do que nunca, repensar e reestruturar os valores sociais. As leituras nos trazem que “muitos valores se perderam, transformaram-se ou estão se perdendo.” Saberemos então assumir a discussão sobre as necessidades em que se baseia os requisitos de segurança da informação?

É nosso dever e de direito assumir esta discussão!Consumimos cada dia mais e mais a tecnologia da informação. Sabemos qual é o preço de um consumo sem responsabilidades?

Tal reflexão parece trazer mais perguntas do que respostas diante o comportamento dos brasileiros...comunicativos, sociáveis porém sem licença para a privacidade. Dentre tantas discussões necessárias e urgentes neste País, deparo-me com mais uma!...até então desconhecida...camuflada, disfarçada meio a tantas desinformações consumidas muitas vezes goela a baixa na teia virtual.

Teia esta que emaranha as relações sociais e culturais, onde somente a tecnologia não resolve, e sem visão e sem ação o barco pode afundar se não priorizarmos novos valores e ética para proposições que tragam benefícios socioculturais junto a tecnologia da informação.


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