"ser
social e comunicativo, o homem tem o direito e o dever de informar e
de ser informado isto é, tem o direito e o dever da verdade. Da
verdade descoberta e da verdade a descobrir. Por outro lado,
principalmente em razão da enorme extensão dos conhecimentos, a
informação condiciona hoje uma boa parte do progresso científico
cultural e moral da humanidade. Com instrumentos poderosíssimos ao
seu dispor, a informação pode servir aquilo a que, na realidade
objetiva e na ordem de valores, está destinada, isto é, a verdade,
e pode servir o seu contrário. Isto dito, poderá assim formular-se
o seu fundamental princípio regulador: “nada transmitir de falso e
nada omitir de verdadeiro”, adotando a fórmula que Cícero aplica
à História."
(Manuel
Antunes)
Partindo da reflexão sobre a afirmação de Manuel Antunes, bem como de leituras que abordam privacidade de dados e informações nas redes, ética, gestão e segurança da informação, surge a reflexão abaixo... Que reflete a necessária reflexão de que o Brasil precisa ter sobre -mais- este tema que, sem políticas ou normalizações, vem invadindo a privacidade e segurança de muitos brasileiros.
REFLEXÃO SOBRE
A PRIVACIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
A PRIVACIDADE E SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
por Ana Celina Tiburcio
Em tempos contemporâneos chegamos a experimentar os escritos de Goerge Orwell que do século passado sobreviveram à atualidade. Somos vigiados, espionados e, por assim dizer, manipulados pelos nossos passos e nossas preferências, e, com a era digital nossos clics e navegar em um vasto mundo onde, reduzidamente, pertencemos aos hardware, software...conectados a redes de informações poderosíssimas capaz de desvendar nossos números, perfil, características e hábitos.
A
verdade está oculta atrás da tela, essa tela que nos separa de um
mercado ávido por informações e mais informações de consumidores
conhecidos, desconhecidos e a serem descobertos. Banco de dados
ganham status de competitividade e alcance... Somos identificados sem
consentimento e muito menos contatados/interpelados sem pedir
licença.
A
palavra privacidade não faz mais sentido para muitos...a geração Y
quer mesmo é se expor em suas redes sociais mostrando como são, do
que gostam ou não, o que fazem e o que consomem. Os canais são
diversos, tantos quantos nunca havia imaginado ser flagrada, furtada,
invadida. Seria possível contratar um segurança para assuntos
virtuais?
Estudiosos
questionam tal serviço que carece de seriedade e comprometimento no
País que mais adere às redes sociais. Somos sociáveis até
demais...na vida real e na virtual. Somos comunicativos e será que
nos importamos onde nossas informações vão parar? Com que
verdade? Com que ética? Com que moral? Com que limites?
Quem
se importa com o dever da verdade? Quem diz a verdade? Queremos
preservar nossas informações e conhecimento?? Não!! A rede de
informações libertou as informações da comunidade científica de
seus muros para fronteiras são ilimitadas...sem políticas de
privacidade, sem normalização, sem
o conhecimento do usuário sobre o uso de suas informações
e sem segurança da informação.
É
uma escolha da nossa sociedade, mas, sociedade de que conhecimento é
esse?...a cada clic podemos fazer uma escolha...com transparência e
verdade, com respeito e ética, com a responsabilidade do dever e do
direito.
Outros
países aprofundaram na discussão sobre a verdade dos acessos às
informações dos usuários, na transparência e ética no uso das
informações, na segurança de informação e privacidade, e, assim
escolheram e delinearam tais relações. Podemos escolher caminhos em
que fiquemos mais atentos por onde navegamos e que informações
consumimos...e ter a preocupação como precaução! E não navegar a
deriva nesta 'infomaré' de mares abertos e desconhecidos.
Conhecer
a realidade e fazer que a informação sirva a seus navegantes
valores nunca antes navegados nos furos de nossos sistemas de
informação e sem que façam uso de nossas informações contra nós
mesmos, e que cliquemos na formulação de um princípio regulador:
“nada transmitir de falso e nada omitir de verdadeiro” (Cícero).
Sabemos
quanto vale nossa privacidade pessoal? Sobretudo como indivíduos e
consumidores é
preciso, mais do que nunca, repensar e reestruturar os valores
sociais. As leituras nos trazem que “muitos
valores se perderam, transformaram-se ou estão se perdendo.”
Saberemos então assumir a discussão sobre as necessidades em que se
baseia os requisitos de segurança da informação?
É
nosso dever e de direito assumir esta discussão!Consumimos cada dia
mais e mais a tecnologia da informação. Sabemos qual é o preço de
um consumo sem responsabilidades?
Tal
reflexão parece trazer mais perguntas do que respostas diante o
comportamento dos brasileiros...comunicativos, sociáveis porém sem
licença para a privacidade. Dentre tantas discussões necessárias e
urgentes neste País, deparo-me com mais uma!...até então
desconhecida...camuflada, disfarçada meio a tantas desinformações
consumidas muitas vezes goela a baixa na teia virtual.
Teia
esta que emaranha as relações sociais e culturais, onde somente a
tecnologia não resolve, e sem visão e sem ação o barco pode
afundar se não priorizarmos novos valores e ética para proposições
que tragam benefícios socioculturais junto a tecnologia da
informação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário