Reinaldo Pamponet | segunda-feira, 18 julho 2011
Esse início de século traz a novidade das mídias sociais, do mundo mais
conectado e aparentemente mais próximo. Ao mesmo tempo, temos uma
sensação um pouco esquisita, aquela intitulada Paradoxo de Gramsci: “Uma
velha ordem agoniza enquanto uma nova ordem parece não ser capaz de
nascer”. O modelo econômico clama para ser redesenhado, o meio ambiente e
as sucessivas crises são claros sinais de alguma coisa está fora da
ordem…
Ao mesmo tempo, o Homem firme em busca da sua evolução. Para nós,
brasileiros, de uma hora para outra somos a bola da vez. País das
tendências, cristo redentor decolando, copa do mundo, olimpíadas e um
fosso muito grande entre o que parece ser uma sociedade desenvolvida e o
que somos de fato. Nunca nos acostumamos nem nos preparamos para tal
momento. Gosto muito de uma frase que ouvi outro dia: “Está muito
difícil viver e ser exemplo ao mesmo tempo”.
Não há melhor momento para descolonizarmos de vez o nosso olhar sobre
nós mesmos. Olhar o que temos de riqueza única, intrínseca e valiosa.
Temos ainda o desafio da chamada sustentabilidade. Além do cuidado
com o meio ambiente, temos que reforçar o papel do indivíduo como parte
fundamental e protagonista dessa história. É ele quem destrói, mas só
ele pode resolver o problema que ele mesmo criou. Assim, reinventar a
forma como trabalhamos hoje é um dos grandes desafios que temos pela
frente e o espaço da Economia Criativa é em si uma das grandes
possibilidades, junto com a chamada Economia Verde. Acredito que se
sustentar é ser capaz de viver bem sem causar prejuízo a outras pessoas.
Mas o que leva ao prejuízo é o que hoje o nosso país enaltece: tornar a
nossa sociedade cada dia mais produtiva, com crescimento
primordialmente material, dentro de uma economia extremamente
carbonizada e baseada na produção de coisas (objetiva) e não no
fortalecimento de processos humanos para produção do intangível
(subjetiva). Economicamente, valorizamos demais o que temos e o que
vemos, e de menos o que sentimos ou criamos. Agostinho da Silva disse
que “O Homem não veio ao mundo para produzir e sim para criar” – na
ânsia de produzir, vejo o Brasil com modelos de negócios ainda mal
estruturados para surfar essa grande onda da Economia Criativa, e baixo
investimento em novos modelos, limitando o nosso potencial econômico do
intangível ou subjetivo, e quiçá nos arriscando a perder essa onda…
Em última instância o que sustenta o indivíduo de fato é a “riqueza”
da sua subjetividade. Criar é em si o espaço da geração da vida e da
evolução. O ciclo da criação oxigena o nosso ambiente trazendo sempre
uma novidade, gerando uma nova forma de ver e fazer, em um fluxo
orgânico e sustentável. Ainda, criar supõe refletir, inquirir, estudar,
potencializando os indivíduos e colocando-os em uma posição de
igualdade.
Gosto tanto do conceito da Economia Criativa porque é uma grande
possibilidade em si mesmo, pois abre o espaço da Abundância (Criação)
para algo que está patinando nas suas limitações e/ou artificialidades
da Escassez (Economia dita Convencional) . A nossa capacidade de criar é
o nosso bem mais precioso, abundante, e quanto mais exercitado, mais
tende a aumentar; ainda, não prejudica ninguém, oxigena a sociedade e
reduz o efeito estufa, com certeza! O que precisamos é desenvolver
modelos econômicos que possam possibilitar a geração de fluxos e
interações contínuas dos indivíduos hoje conectados.
A Economia Criativa traz benefícios para nós, brasileiros, não apenas
pelo viés econômico, mas porque criar é em si um ato fundamental de
aprendizagem integral, ao conjugar a subjetividade do indivíduo com a
sua capacidade de fazer acontecer, aprender consigo mesmo e com os
outros a partir das interações. Uma sociedade que ganha com o que
aprende. Não seria fascinante exercitarmos a junção do aprender (criar) e
ainda se sustentar economicamente com essa criação?
Esse é o espaço econômico que quero ajudar a construir. Espaço onde a
abundância esteja presente, o conceito de elasticidade seja percebido
como uma grande borracha de bodoque que se puxa ao máximo para lançarmos
ideias, inspirações e sentimentos para que as pessoas possam se sentir
mais alegres, inspiradas, amorosas e ricas. Espaço esse que se consolida
em Ser mais. Ser mais você e ser mais o que você valoriza. Espaço onde
não precisamos criar demandas desnecessárias e consumos destrutivos, mas
um consumo que estimule um potencial maior de cada um. Um consumo
excessivo que faça expandir a nossa vida e a nossa consciência.
Avante e vamos inaugurar um novo espaço econômico para todos. E já
que a moda é o crowd, essa é uma verdadeira possibilidade de Crowd
Economy, onde cada um pode participar interagindo com o outro com o que
tem de melhor – Você mesmo!
Fonte: http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/economia-criativa-crowd-economy-economia-para-todos/
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