Arquipélago dos Alcatrazes. Foto: Celso Moraes |
por
Ana Celina Tiburcio
Beleza
cênica e biodiversidade. São conhecidos em Alcatrazes centenas de
plantas e animais, que evoluindo isolados do continente nos últimos
10 mil anos, tornaram-se únicas no Planeta. O maior ninhal do
sudeste brasileiro, com grande potencial turístico, pode se
transformar em Parque Nacional Marinho do Arquipélago dos
Alcatrazes.
O
Arquipélago dos Alcatrazes abriga pererecas, cobras, lagartos,
aranhas, centopéias, insetos, bela variedade de orquídea e a flor
rainha do abismo. Contudo, ainda sem catalogação, vários destes
seres vivos estão relacionados na lista paulista ameaçados de
extinção. Podendo ser o turismo científico uma alternativa de
melhor conhecer o Arquipélago, onde também estão presentes as
cinco espécies de tartarugas marinhas existentes no Brasil.
Diferentemente
do turismo predatório que o Litoral Norte está “acostumado’ a
vivenciar, cheia de riquezas e ameaças, com o aumento do turismo, a
região de Alcatrazes deverá ter o cuidado de dialogar e planejar o
turismo sustentável, como o mergulho, por exemplo, que o turista
está mais preparado para causar o mínimo impacto ambiental.
Além
de atrativos naturais subaquáticos, o avanço no diálogo com a
conservação dos recursos, também deverá estar na agenda da
visitação aos núcleos caiçaras, que tem a expectativa da gestão
da rede integrada nas áreas, valorizando e valorando aspectos
sociais, culturais e ambientais da região. Conheça um pouquinho da
história do Arquipélago de Alcatrazes, a seguir.
2004.
Marinha do Brasil realizou um de seus bombardeios de rotina,
provocando um incêndio devastador que durou cerca de quatro dias e
consumiu 1/3 da vegetação da Ilha dos Alcatrazes matando vários
animais.
2005.
No início do ano, o IBAMA (então responsável pelas Unidades de
Conservação) decidiu embargar os exercícios de tiro, entretanto,
em dezembro, retirou o embargo e permitiu que a Marinha do Brasil
voltasse a praticar seus exercícios de tiro contra alvos em
Alcatrazes.
2006,
janeiro. Ambientalistas do Litoral Norte paulista realizaram uma
passeata-protesto repudiando os exercícios de tiros realizados pela
Marinha brasileira no Arquipélago dos Alcatrazes, que estampou em
camisetas e cartazes do movimento a frase: “Proteção SIM, tiros
NÃO”.
Desde
a década de 1990, esta é uma luta antiga de ambientalistas e
pesquisadores não só da região, e o intuito deste movimento foi de
mobilizar a população e divulgar o que vinha acontecendo no
Arquipélago. O Santuário ecológico se destaca em vários itens do
litoral brasileiro e da América do Sul; é a terceira forma insular
do continente todo em termos de índice de biodiversidade; servindo
de abrigo para as baleias-de-bryde (que chegam a medir 15 metros de
comprimento), orcas, golfinhos e tartarugas.
Defensores
do maior ninhal de aves marinhas do sudeste brasileiro, ainda pouco
(re)conhecido pela população em geral, vem estudando as ameaças e
impactos ambientais, em decorrência dos exercícios de tiros, bem
como promovendo a propositura de recategorização desta Unidade de
Conservação, de Estação Ecológica (ESEC) Tupinambás, que tem a
visitação pública e circulação de embarcações vetados, para a
criação do Parque Nacional Marinho dos Alcatrazes, que poderá ser
o primeiro do Sudeste e o terceiro Parque Nacional Marinho do País.
2011,
março. Aconteceu em São Sebastião uma audiência pública para
debater a recategorização do Arquipélago dos Alcatrazes, e com a
presença de órgãos ambientais responsáveis, ambientalistas,
pesquisadores e da sociedade foram abordados pontos como melhorias na
gestão da unidade; pesquisas científicas; turismo sustentável;
participação e integração da sociedade, inclusive por meio do
Conselho Consultivo – que é um canal de comunicação e
aproximação da realidade local.
Foram
também discutidas questões como fiscalização; educação
ambiental; nova sede; parcerias; relevância da preservação do
arquipélago; núcleos caiçaras e entre outros. E o que muda? Na
área do Arquipélago em Ubatuba permanece a área referente à ESEC,
em São Sebastião aumento a abrangência da Ilha de Alcatrazes, que
atualmente não é ESEC e torna a área continua ao redor da Ilha
Principal; Zoneamento após o plano de gestão da área, que é
conhecido como Plano de Manejo.
A
realização de uma audiência publica em Ubatuba é o próximo passo
solicitado pela sociedade. Na ocasião da audiência em São
Sebastião, um pescador de Ubatuba afirmou que ainda sem consulta aos
pescadores de Ubatuba sobre a criação do Parque Marinho, a classe é
favorável com a ressalva para a inclusão social.
O
entrosamento com a comunidade na região é ponto pacífico para a
conservação desta beleza e riqueza que integra um mosaico de
unidades de conservação na região de maior cobertura de Mata
Atlântica do Estado. Desta forma, a conservação ambiental deve
estar associada à geração de renda pelo viés de negócios
sustentáveis.
O
Arquipélago dos Alcatrazes que tem potencial atrativo turístico e
de conservação da biodiversidade do Litoral Norte, é também o
melhor roteiro para competição de vela nesta região; atividade
também inclusa no necessário planejamento estratégico do turismo
sustentável.
O
Arquipélago, situado aproximadamente a 45 quilômetros do porto de
São Sebastião, e com 12 mil hectares, é formado pela Ilha
Principal (Alcatrazes); pelas ilhas da Sapata, do Paredão, do Porto
ou do Farol, e do Sul, além de quatro outras ilhotas não nominadas,
cinco lajes (Dupla, Singela, do Paredão, do Farol e Negra) e dois
parceis (Nordeste e Sudeste). Até então, servindo de centro de
treinamento para a Marinha do Brasil, o arquipélago, só pôde ser
apreciado de longe.
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